Gestão de Crise
Porque terminar uma amizade sem sentir que o mundo tá desmoronando pode ser mais difícil do que encontrar influenciadora sem Ozempic.
No último Notes From B, falei sobre términos de relacionamento. Hoje, vou falar sobre um término ainda mais doloroso – até pior do que término com ficante: o término de amizade.
Acho que toda garota tem uma “ex-melhor amiga” - principalmente aquelas que estão entrando na fase adulta - e se lembra do quão dolorosa foi essa separação. Homens podem até nos machucar, mas nada se compara a perder aquela pessoa que era a sua maior confidente. É um tipo de dor diferente, quase cruel, perder aquela conexão verdadeira de mulher para mulher.
Mesmo que não tenha sido um término trágico (ou que você esteja tão brava que nem consegue sentir saudade), no fundo, ainda dói. Seja uma amizade longa ou apenas intensa, perder um amigo sempre machuca - e traz uma enxurrada de questionamentos pra nossa cabeça.
Já estive nesse lugar algumas vezes, com amizades de anos e até com conexões mais recentes. Em todas eu sofri, e me peguei pensando: “será que o problema sou eu?” quando reparei no número de “ex-amigos” que já tinha acumulado.
Por isso, aqui vão alguns conselhos de como superar um término de amizade - de alguém que é expert no assunto:
Tire seu tempo
Tá tudo bem sofrer, você perdeu uma pessoa próxima. Sinta o que tiver que sentir: tristeza, raiva, saudade. Isso vai te ajudar a entender o que está por trás da dor: Você está triste porque acabou? Pela forma como acabou? Ou porque perdeu uma companhia que era parte da sua rotina? Essa resposta é o seu caminho para superar.
Não alimente o assunto
Dê um tempo do assunto, não fique comentando com os outros. “Ai, mas ela tá falando de mim…” E daí? Virou episódio de Gossip Girl? Você não deve satisfação pra ninguém - isso não vai mudar quem você é, e muito menos o que eles acham. Entre alguém que sai gritando os defeitos de uma ex-amiga e alguém que escolhe o silêncio e a gratidão pelos aprendizados, o caráter de cada uma fala por si. E cuidado: tem muita gente que prefere uma fofoca ao bem dos outros.
Aceite a culpa, mas não se culpe
Se você fez algo de errado, se desculpe, assuma seus erros e se coloque à disposição para ouvir. Se mesmo assim a amizade for para o saco, entenda que você fez o que pôde. Todo mundo erra, não precisa ficar se martirizando por isso - e muito menos implorando perdão para alguém que, claramente, não quer ele.
Reconheça que você é meio trouxa
Duas pessoas constroem uma amizade, e duas pessoas levam ela ao fim. Quase todo mundo que vem desabafar comigo tem o mesmo defeito: não sabem impor limites - e amizade sem limites pode virar zona. Então pense: Quantas vezes você ficou quieta para manter a paz? Passou pano pra não criar climão? Ou até se fez de sonsa por medo de não ser compreendida? No final, se posicionar também é um ato de carinho.
Aprecie a sua própria companhia
Sabe aqueles finais de semana que vocês não se desgrudavam? Aproveite-o para fazer o que você estiver a fim - no seu ritmo, da sua forma, nos seus horários - sem se preocupar com mais ninguém.
E descubra novas companhias
Se reconecte com amigas que você se afastou; Frequente lugares onde você pode conhecer novas pessoas; Puxe papo com aquela sua mutual do twitter; Saia com algum grupo diferente de amigos. Sempre existe alguém para você por aí. E, sinceramente? Você (provavelmente) é jovem demais pra achar que já viveu todas as conexões que tem para viver.
Seja grato
Ao outro, à amizade, ao término, e principalmente, ao universo. Tudo é aprendizado, então reflita sobre o que poderia ter sido diferente e leve isso como bagagem, não como ferida. E lembre-se: não se feche pro mundo - confiar em alguém não é burrice, mas reconhecer padrões e respeitar seus limites pode fazer toda a diferença.
E se assim como eu, você já se perguntou se o problema era você: Não é, e também não são os outros. As pessoas erram, crescem, mudam, entram e saem de fases - cada uma no seu tempo. Ninguém merece ser definido como “o problema” por estar aprendendo a viver. Então, se você se orgulha da sua jornada, cicatrizes e de onde está hoje, tá tudo certo. Tudo isso faz parte do caos que é crescer.
(Se a amizade terminou porque ela pegou seu namorado, ex, ficante, contatinho ou conversante: Ignore tudo que eu falei. Burn that bitch at the stake.)
Muito real! Acho curioso que o tema “ex-melhor amiga” não receba tanto destaque quanto “ex-namorado”. Recentemente vivi um verdadeiro “término de amizade” e foi intenso: passei por todas as fases de um relacionamento terminado — raiva, tristeza, saudade… foi um turbilhão de emoções. Cheguei a silenciar o perfil dela nos stories e tudo mais. Depois, ao tentar me reconectar com outras amigas, elas me perguntaram “o que aconteceu com a fulana?” e é sempre estranho na hora de explicar. Acho que deveríamos normalizar também esse tipo de perda, pois terminar uma amizade dói tanto quanto qualquer outro laço profundo — são histórias e lembranças que, muitas vezes, fazem parte da família. Ainda mais quando acaba do nada, sem um término de fato.