O lado do balé que você nunca viu
O que existe por trás da leveza: esforço, renúncia e a verdade de uma bailarina que sonha e conquista.
Oie, meu nome é Bruna Leão! (@bruleaoo_)
Desde que me entendo por gente meu sonho é ser bailarina, e depois de muuuita persistência, hoje, com 21 anos, vivo meu sonho de criança. Vou contar um pouquinho da minha trajetória até aqui.
Desvendando mitos
Quantas vezes nós bailarinas já ouvimos certos comentários como “se quiser algo fácil, faça balé” ou “balé é muito parado”. O que acontece, é que infelizmente muitas pessoas não sabem o que está por trás dessa arte, que demonstra tanta delicadeza, mas que, na verdade, carrega muito esforço e dedicação. Além disso, tem muita gente que enxerga as bailarinas como frágeis, mas isso é porque precisamos disfarçar toda a dor e cansaço enquanto dançamos.Precisamos ser tão fortes a ponto de, mesmo sendo algo de alta intensidade, com saltos e giros na ponta dos pés, o que aumenta a dificuldade técnica e a dor, ainda devemos parecer leves e flutuar em cena.


Você sabia que bailarinas são atletas?
Nós bailarinas, precisamos abdicar de muitas coisas para conseguir alcançar a técnica e condicionamento necessário, pois precisamos ter um bom sono, uma alimentação saudável e uma rotina de treinos intensa. Por isso, muitas vezes precisamos abrir mão de sair à noite, de comer o que temos vontade e até mesmo de fazer certas atividades que podem colocar nosso corpo em risco, por mais mínimo que ele seja. Eu, por exemplo, quando está perto de alguma apresentação, não ando nem de bicicleta. Qualquer queda ou lesão pode acarretar meses ou até anos sem dançar... Não vale a pena arriscar uma boa performance que me preparei tanto por nada nesse mundo
A dor maior não é física...
Quando eu tinha 12 anos, mudei de academia de balé para seguir o meu sonho, e lá, as meninas estavam muito à minha frente. Nas aulas, tinha vontade de chorar, errava os exercícios, minha perna não subia, meu pé não esticava. Além de não ter técnica nenhuma, meu físico também não ajudava. Nunca tive o estereótipo de uma bailarina e ouvir isso das professoras me deixava extremamente frustrada. Mas isso não me fez desistir, muito pelo contrário, me fez querer provar que eu poderia sim ser uma bailarina profissional. Depois das aulas, passava horas a mais no estúdio, treinando tudo que tinha errado e me alongando. Lembro até hoje que permanecia no espacate durante 20 minutos, com muita dor para melhorar a flexibilidade. Mas a busca pela perfeição e a cobrança doía muito mais do que o esforço físico. Após anos me dedicando muito, comecei a melhorar, a me destacar, e depois de me formar no balé, comecei a conquistar muitas bolsas de estudo e trabalhos. Quis compartilhar isso para entendermos que não nascemos prontos e que por mais difícil que seja, se temos um sonho e queremos muito, só cabe a nós mesmos conquistá-los!
Abdicação, não sacrifício!
Quando me perguntam se me arrependo de ter sacrificado minha vida para isso, a minha resposta é não. Na verdade, eu não sacrifiquei nada, eu sempre estive onde eu queria estar. O balé é algo que exige abdicação, sim, mas isso deve ser movido pelo amor pela dança e não por sacrifícios. Eu escolhi não sair, eu escolhi comer saudável, eu escolhi treinar muito, porque quem ama, não aproveita somente o resultado, aproveita também o processo. Eu sempre quis estar dentro da sala de aula, isso sempre fez meu coração transbordar de alegria, sempre quis passar horas ensaiando, e mesmo quando acabava, ainda queria mais e mais. É claro que tem dias que estamos cansadas e nosso corpo só quer descansar. É aí que entra a disciplina, a constância e a perseverança. O resultado é consequência, é gás para seguirmos buscando melhorar cada vez mais, e estar no palco... Para mim, estar no palco é um mix de nervoso e adrenalina, é o prazer de ser bailarina, é fazer quem está assistindo se emocionar com a minha dança. E de repente, todo esforço valeu muito a pena!
Estar no palco é um mix de nervoso e adrenalina, é o prazer de ser bailarina, é fazer quem está assistindo se emocionar com a minha dança. E de repente, todo esforço valeu muito a pena!
A competição mais importante que participei foi esse ano, em junho: a World Ballet Competition, uma competição internacional em Orlando, onde tive a honra de estar nas finais e ser premiada com uma bolsa de estudos em Amsterdam. Foi uma das experiências mais especiais da minha vida e, claro, um dos meus looks favoritos também! Cada detalhe do figurino me fazia lembrar do quanto lutei para estar ali.












Linda demais, matéria extremamente necessária. Muito orgulho de voce!
nossa que lindaaaa, que história inspiradora!!!!